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A Fortuna dos Inconfidentes – Caminhos e Descaminhos dos Bens de Conjurados Mineiros

sexta-feira, 28 de maio de 2010


A Fortuna dos Inconfidentes – Caminhos e Descaminhos dos Bens de Conjurados Mineiros

Autor: Rodrigues, André Figueiredo

Tiradentes foi enforcado no dia 21 de abril de 1792, no Rio de Janeiro, então capital do vice-reino do Brasil. Exatos 218 anos depois, A fortuna dos inconfidentes – Caminhos e descaminhos dos bens de conjurados mineiros (1760-1850), de André Figueiredo Rodrigues, guarda novidades e surpresas sobre um assunto aparentemente já muito estudado. O destino, bem como as origens, das fortunas dos inconfidentes mineiros, e mais precisamente, os caminhos e descaminhos de seus bens após a devassa ainda tem muito a revelar sobre a própria Inconfidência Mineira, sobre as nossas relações de então com Portugal, sobre o dia a dia na Colônia, enfim, sobre a própria história do Brasil. Fato tanto mais surpreendente por se tratar de um dos temas principais da historiografia nacional. André Figueiredo Rodrigues, porém, sob a orientação inspirada de Laura de Mello e Souza, foi capaz de descobrir, em instituições que incluíram o Serviço de Documentação da Marinha do Brasil, documentos ainda inéditos referentes aos julgamentos, cujos dados simplesmente alteram muitas interpretações consagradas. Por exemplo, o quanto o tesouro de Portugal teria de fato amealhado com o confisco de seus bens, ou o quanto problemas de endividamento de alguns dos conjurados, todos ligados ao establishment colonial, podem ter sido decisivos para sua decisão de participar do movimento. Além disso, a abordagem do autor, seu trabalho de investigação histórica e o material encontrado permitem recriar muitos aspectos da vida no Brasil do século XVIII, a partir da análise detalhada dos casos de sete inconfidentes (entre os 24 julgados) da comarca de Rio das Mortes (atual região de São João Del-Rei, MG). Como enfatiza o prefácio de Cecília Helena de Salles Oliveira (professora titular do Museu Paulista da Universidade de São Paulo), “Ao debruçar-se de forma exaustiva sobre ampla documentação, em particular os Autos de sequestros de bens pertencentes aos inconfidentes e suas famílias, André Figueiredo Rodrigues problematiza redes de interesses, de sociabilidade e de poder, bem como imbricações de variada natureza entre autoridades metropolitanas, autoridades coloniais e potentados locais naquele período. Descortina uma complexidade de situações e condicionamentos que não fazem parte das interpretações correntes sobre a Inconfidência e, simultaneamente, aprofunda questão fundamental para o ofício do historiador: o entrelaçamento entre política, memória e tessitura de registros da história.”.

Fonte: Siciliano